terça-feira, 23 de junho de 2009

Dois Espinhos na Garganta

O escritor peruano Alvaro Vargas Llosa, disse, durante uma conferência na Universidade de Granada (Espanha), que a Colômbia e o Peru "ainda não caíram" na "órbita" de Hugo Chávez. Contudo, ele acrescentou que o líder venezuelano tem organizado, nestes países, "uma campanha de desestabilização através de movimentos populares e partidos políticos".

A Universidade espanhola irá agraciá-lo com um doutordo "honoris causa".

Vargas Llosa definiu o líder da oposição e presidente do Partido Nacionalista Peruano (PNP) de seu país, Ollanta Humala, como a "carta de Chávez no Peru ", e afirmou que "muitos de seus seguidores [de Humala] são chavistas e acreditam que ele representa o caminho peruano para o socialismo do século XXI ".

Ele, que também ganhou o prêmio Príncipe das Astúrias de Letras e do Planeta, entre outros reconhecimentos, referiu-se também à situação em democracias ocidentais hoje. Rotulou-as de "medíocres" e criticou o "pouco entusiasmo" que geram, o que, na sua opinião, se deve ao fato de que "os melhores ficam longe da política, pois parece insignificante", de modo que aqueles que eventualmente desenvolvem este trabalho são "oportunistas".

"Nós gozamos alguns privilégios que ignoramos", recordou o peruano, que insistiu em que "quem vive em uma ditadura como a de Cuba ou da Coreia do Norte ou da Venezuela, ou em uma pseudodemocracia, sonharia em viver em tais democracias medíocres que tanto desprezo nos inspiram".

Assim, afirmou que da mesma forma que "quem vive em uma ditadura não necessita de nenhuma teoria para aprender o que é e o que não é uma ditadura", tal situação "deveria ser a mesma para aqueles que vivem em uma democracia, mas não é verdade", lamentou.

Sobre a sua terra natal, o escritor afirmou que existia "a ingênua crença de que não era um país violento", uma idéia que qualificou como "mais uma ilusão", que desapareceu com a atividade do grupo terrorista Sendero Luminoso nos anos 80, uma experiência "terrível" que "criou um trauma muito presente" na vida quotidiana do Peru.

Ao relacionar a realidade de seu país com a sua carreira literária, Vargas Llosa recordou dois anos da sua permanência no colégio militar Leoncio Prado, o que lhe permitiu descobrir "a verdade" de seu país: "A violência, preconceito, o ressentimento e o racismo que tanto distanciavam os peruanos uns dos outros".

por EFE, no El Tiempo.com
Tradução: José Ricardo Weiss

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