segunda-feira, 22 de junho de 2009

Cuba: A Verdadeira Face que as Esquerdas Sempre Negam!

Seu pouco mais de 1,50m de altura e o tom de voz suave não refletem a fortaleza humana que lhe permitiu suportar 15 anos longe do filho e dos dois netos. Menos de uma semana após ter se reencontrado com a família em Buenos Aires, a médica cubana Hilda Molina, de 66 anos, não se cansa de agradecer a mediação da presidente Cristina Kirchner e de denunciar a violação dos direitos humanos em seu país. “Me disseram que eu nunca sairia de Cuba porque meu cérebro era patrimônio do país”, contou à correspondente do GLOBO em Buenos Aires, Janaína Figueiredo, a neurocirurgiã, que nos anos 90 renunciou à direção do Centro Internacional de Restauração Neurológica de Havana e foi alvo de uma perseguição política que a impediu de sair da ilha.

A senhora obteve autorização para viajar duas semanas antes de uma eleição legislativa decisiva para o governo Kirchner...
HILDA MOLINA: Não sabia de nada e ainda não estou muito informada sobre isso. Fui liberada pelo governo cubano e não pelo governo argentino, mas devo dizer que o ex-presidente (Néstor) Kirchner me ajudou muito, desde o início de seu governo.

Por que a senhora se distanciou do governo cubano, em 1994?
MOLINA: Basicamente, porque não estava de acordo com a política de tratar estrangeiros no centro onde trabalhava. Para mim a prioridade eram os doentes cubanos. Desde então fui perseguida e, quando meu primeiro neto nasceu, aqui na Argentina, impediram minha saída do país. Funcionários do governo cubano me disseram que eu nunca sairia de Cuba porque meu cérebro era patrimônio do país.

A senhora pensa em voltar?
MOLINA: O que eu gostaria seria voltar com minha mãe, mas ela tem 92 anos e problemas de coração. Gostaria de realizar esse sonho, mas se não puder o governo cubano sabe que posso pedir uma prorrogação da permissão para ficar aqui.

Como a senhora definiria o regime cubano?
MOLINA: Como uma ditadura totalitária, de perfil stalinista.

A maioria dos presidentes estrangeiros que visitam a ilha não se reúne com os dissidentes...
MOLINA: Como uma pessoa que teve seus direitos violados, respeito os direitos e as decisões de cada pessoa. Mas acho que, nos casos dos países que viveram ditaduras, os opositores dessas ditaduras ficavam muito felizes quando recebiam o respaldo de pessoas de outros países. Se recebêssemos pelo menos um respaldo moral, nos sentiríamos mais acompanhados.

A senhora se sente decepcionada com os governos da região?
MOLINA: Os dissidentes cubanos precisam do mesmo apoio que eles (os governos) receberam quando eram opositores de suas ditaduras: o presidente Lula e todos os que enfrentaram uma ditadura.

Por que Cuba recebe tanto apoio internacional?
MOLINA: Muitos presidentes se sentem pressionados psicologicamente, sentem que qualquer crítica poderia alterar a estabilidade de Cuba. E outros acham que esta atitude positiva em relação ao governo cubano é a melhor maneira de promover a abertura do país, estratégia que considero totalmente equivocada. Por outro lado, os governos populistas eleitos nos últimos anos querem perpetuar-se no poder como fez o governo cubano.

A senhora se refere ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez?
MOLINA: Não vou dar nomes, não quero brigar com mais ninguém (risos).

Qual é a sua opinião sobre a aliança do presidente Chávez com Fidel?
MOLINA: Chávez é aluno de Fidel Castro, ele mesmo diz isso. Depois de ter saído da prisão, Chávez visitou Cuba e foi recebido com honras de chefe de Estado — isso muito antes de assumir o poder. Isso sempre chamou minha atenção, nunca entendi por que tanto protocolo para uma pessoa que não era ninguém. Hoje entendo que havia um plano. Fidel foi seu mentor e Chávez está transformando a Venezuela numa nova Cuba.

Como a senhora explica a resistência de Cuba a retornar à Organização dos Estados Americanos?
MOLINA: O problema é que Cuba deveria aceitar uma série de condições — por exemplo, em relação aos direitos humanos — que não quer aceitar.

O que representa Fidel Castro para a senhora?
MOLINA: Ele foi o carrasco da minha família.

A posse de Raúl Castro despertou grande expectativa...
MOLINA : A abertura não ocorreu porque Fidel não a permitiu. Os discursos iniciais foram promissores, chegamos a pensar que seria anulado o sistema de concessão de autorizações para viajar. Mas nada disso. Foi permitido apenas comprar computadores, celulares e ter acesso a hotéis de luxo.

Mas com que dinheiro?
MOLINA: São duas pessoas diferentes, mas o governo é o mesmo. Raúl Castro tem os pés sobre a terra, mas Fidel continua lá, mandando.


Quando em 1994 me desvinculei, por vontade própria, do sistema político imposto em meu país, estava convencida de que teria que percorrer um longo e doloroso calvário. Hoje, quase 15 anos depois, posso afirmar que a realidade superou, com juros, todas as avaliações daquele momento, porque os que nos decidimos a enfrentar pacificamente a este governo, nos expusemos, não só a sua nefasta repressão, como também às agressões do conjunto de verdugos nacionais e forasteiros que o auxiliam. Pois se trata de um governo onipotente, que durante meio século tem exigido, irracionalmente, que os habitantes desta ilha, sem exceção, pensemos, sintamos, falemos e atuemos segundo os seus desígnios.

É que o ódio e a intolerância, meticulosamente semeados durante 50 anos, influenciaram perniciosamente os integrantes desta sociedade enferma. Este governo – e seus cúmplices de outras regiões do planeta – não aceitam nem respeitam as diferenças em Cuba. Tratam a população do país, não como membros legítimos da humanidade pensante, mas como um rebanho de escravos alienados, incapazes de pensar, sentir, falar livremente e de decidir seus próprios destinos. Porque o comunismo cubano com seus tentáculos – ao comprometer, alugar e comprar consciências – conseguiu internacionalizar seu ódio e sua intolerância.

Durante estes quase 15 – difíceis, mas cada vez mais esclarecedores – anos, sempre totalmente indefesa, tenho sido vítima, ininterruptamente, de pelo menos três tipos diferentes de verdugos:
  1. O governo cubano, principal e implacável verdugo, que aplica seus instrumentos sutis e explícitos de violência psicológica e física, contra os que, como eu, temos dito basta! à colonização de nossas mentes e nossas almas, conscientes de que “não há servidão mais vergonhosa do que a voluntária”.
  2. Os idólatras do regime, que fazendo uso das bondades da democracia em seus respectivos países, vociferam contra o capitalismo, ao mesmo tempo em que vivem como capitalistas. Os que rasgam as suas vestes, quando aqui em nossa própria Pátria, fazemos uso do direito à liberdade de expressão que nos assiste, e criticamos o indiscutivelmente criticável. Os que pregam teoricamente sobre direitos humanos e paz, e em uníssono reverenciam um governo de partido único, apegado ao poder, implantado definitivamente em Cuba; e que envolveu seu povo em um número indefinido de guerras no exterior. Estes fariseus contemporâneos consideram como seus inimigos pessoais a todos os que o regime classifica como inimigos, e se convertem em nossos verdugos, fazendo-nos alvo de ataques infundados, cruéis e sem fundamento, sem importar-lhes o dano que causam.
  3. Alguns cubanos, felizmente a minoria, que jamais criticaram o governo, na primeira oportunidade fugiram para a democracia, utilizando as portas abertas em numerosas nações, graças às lutas sustentadas durante meio século por compatriotas abnegados e de valor. Esses cubanos de moral dupla, beneficiados pela liberdade que não conquistaram com seu próprio esforço, e outros que ainda permanecem em Cuba, se erigem em juízes e verdugos. Quais porta-vozes servis do comunismo caribenho atacam e caluniam aos que, mais cedo ou mais tarde, nos atrevemos a levantar a voz aqui em Cuba, em defesa, não só de nossos direitos, como também dos direitos de todos, inclusive dos direitos de nossos verdugos e agressores, e dos daqueles que optam por um silêncio humilhante e cúmplice ante tanta ignomínia. Sinto muita pena dessas pessoas dominadas por um ódio irracional, e que, contra toda a lógica, beijam as garras que os ferem e condenam o pensamento e a palavra daqueles que os defendem.

Tenho recebido também críticas de alguns cubanos respeitáveis, que com louvável clareza, vislumbraram muito cedo o perigo que ameaçava a nossa ilha, permaneceram presos por muitos anos por sua luta em prol da liberdade. Agora, estabelecidos no exílio, mostram incompreensão em relação aos que, como eu, tardamos em avaliar, em sua justa medida, a verdadeira natureza do regime. Opino humildemente que, com uma atitude de maior tolerância cristã, estes compatriotas poderiam ajudar mais eficazmente a imprescindível união de todos os que anelamos uma Pátria nova, sem os vícios e injustiças do passado, e sem o horror do presente.

É uma triste e desalentadora realidade, ante a qual cabe perguntar: Que podem esperar os que agora decidam dar um passo similar ao que eu dei dentro de Cuba? Que é que a própria nação pode esperar, se nós, cubanos, nos agredimos uns aos outros? Que pode esperar o país, se os cubanos – manipulados, alienados e intoxicados pelo ressentimento, mentiras, ódio, intrigas, e incapazes de definir a única causa de sua longa via crucis – desperdiçam suas energias, tentando destruir aos que – indefesos, ameaçados, e como no meu caso, sem aspirações pessoais – dedicamos nossos humilíssimos esforços para a cessação deste suplício que devastou a Pátria?

Será que não compreendem que Cuba necessita urgentemente de atitudes cristãs que somem e unam, e não de condutas intolerantes que diminuam e dividam? Será que não compreendem que o nobre e sofrido povo cubano necessita e deseja ouvir palavras de perdão, de paz, de sossego, de esperanças; e não um discurso beligerante, agressivo, intrigante, ofensivo e insultante, como o que prevaleceu nesta ilha durante meio século? Certamente é uma triste e desalentadora realidade.

Não obstante, com os meus mais de 65 anos, enferma e sozinha em Cuba, continuarei minha modesta missão em favor do que considero melhor para meu país, sob a implacável vigilância de meus verdugos, e apesar de meus verdugos. Trato assim de ir saldando minha dívida com minha consciência, com minha inocente e torturada família, e com a terra em que nasci.

Alegra-me contar com este espaço, que me permite interconectar-me com o mundo, e que dedico a minha adorada família: filho, nora, netos e mãe. Aqui apresentarei regularmente meus testemunhos, comentários, opiniões e variados artigos. Em relação a esses textos, desejo esclarecer o seguinte:

– Consciente dos riscos que assumo, faço uso, aqui em minha Pátria, como o tenho feito desde 1994, da liberdade de consciência e de expressão que Deus me concedeu ao criar-me livre. Dos meus pais aprendi a defender minhas idéias, a respeitar as idéias alheias. Aprendi que o exercício da crítica é mais digno e valente quando se realiza de frente.

– Os textos que aqui apresentarei, procedem de duas fontes verídicas e reais. Primeira fonte: as quase sempre complexas e muitas vezes traumáticas experiências vividas, desde a idade de 15 anos, dentro desta sociedade à qual dediquei o melhor de minha juventude, nas nobres profissões do Magistério e da Medicina. Segunda fonte: as experiências pessoais destes difíceis e instrutivos quinze últimos anos de cativeiro sem grades, de agressões, de escárnios e de dispersão familiar.

Com a ajuda de Deus, essas publicações periódicas só terminarão quando concluir minha vida. Tenho a esperança de que constituirão mensagens de alerta sobre a terrível realidade do sistema ideológico, político, social e econômico no qual transcorreu a maior parte de minha vida.

do blog de Hilda Molina. Tradução :André F. Falleiro Garcia

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